segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

A questão de um espaço republicano

Ao que tudo indica uma sombra escravocrata ainda paira sobre a cabeça da sociedade brasileira. De acordo com Roberto da Mata (2009) estamos, me atrevo a dizer, na “era dos eufemismos”. Onde falamos de liberdade, de espaço público (ápice da evolução democrática) mas, que no entanto, isso tudo são nomes, que servem de laranja, para ocultar o que são realmente; não temos nada que realmente seja público ou de desfrute de todos. Podemos ter grandes exemplos no nosso dia a dia mesmo. Há ruas que seus moradores decidem, para sua segurança, fechá-las colocando um portão e apenas entram aqueles que forem autorizados. Mas a rua não era pública até então? Existem praias privativas com cerca para evitar visitas indesejadas. Há um tempo, fui à Ilha Bela, linda! Levei um susto quando fui obrigado a pagar dez reais para poder conhecer uma cachoeira. E posso assegurar: não era a Mãe Natureza que me cobrou tal taxa, por sinal, seria o único ser que teria “direito” a tal atrevimento. Claro, se fosse o caso de sua existência.
É curioso como tudo isso começa a fazer sentido. Como é possível existir um espaço republicano se sempre precisamos pedir permissão, pagar ou qualquer obstrução que seja, para entrar em algum lugar que, em teoria, é público? E isso não fica apenas em uma classe social. Podem-se conseguir exemplos claros de nossos governantes e também nas regiões urbanas. E ao julgar pelo andar desta carruagem em pouco tempo teremos respiradores de ar, alguma engenhoca contemporânea que fica presa às suas narinas contando quanto de metro cúbico de oxigênio você está consumindo; para que no final do mês chegue à sua casa uma conta exorbitante do ar que você respirou.

E como se desprender de tudo isso?
Da Mata nos prende a essa questão. Fazendo-nos olhar em volta (quando digo em volta, falo tanto da sociedade como do nosso próprio umbigo, afinal todos temos uma parcela de culpa) e refletir sobre nosso espaço como um todo, mas não individual e sim, um espaço desprendido das ganâncias e realmente republicano, de todos.

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