quarta-feira, 31 de março de 2010

"Libertas Quae Sera Tamen"

É tão difícil mudar; esperar que tudo mude ou fazer com que as coisas mudem. É preciso primeiro vencer o medo da mudança (coisa hediondamente tenebrosa). Também sinto medo de mudar, mas acontece é que o medo é pouco perto da necessidade desta mudança bendita! E se é assim, como não a querer?
As pessoas me decepcionaram muito! Dificilmente confiarei cegamente em alguém daqui pra frente. Amigos são bons! Sim! Namoros também. entretanto é complicado isso, tudo é a seu favor enquanto há algo de proveitoso pra si, caso não haja ''good bye my honney''... É assim mesmo? Sempre há de ser assim?
Ontem ouvi um ''eu pensei que te conhecia Gabriel"... Isso me fez lembrar que nunca conhecemos as pessoas suficientemente, e nunca vamos!
Bem Vindos ao meu mundo! Eu também não me conheço o suficiente e nunca me iludi achando que me conhecia! E sei que não os conheço também...
E nem por isso deixo de amá-los.
E depois de tudo isso, deste início de semana no mínimo estranho, venho por meio desta postagem informar que me fecharei em um novo casulo, ou me enterrarei em terra fértil ou efêmera (quem sabe?).
Uma nova fase de "Mórphus" entrará em vigor! E então eu poderei gritar: "Nothing Else Matters"...
Apesar de Virgílio estar à minha sombra sussurrando: "Libertas quae sera tamen", vou libertar agora parte da harpa boêmia e entoar um cântico profundo dos dissabores meus; e quando novamente sentir meu peito mais que vazio, eu o completarei comigo mesmo. Amém!







...sentirei falta de muita coisa desta fase, mas não podemos viver de memórias e nem de saudades. Como diz Mário Quintana: ''a saudade faz a gente parar no tempo'', e não quero ficar parado. Preciso andar e quem for dos meus que me acompanhe, não posso mais esperar ninguém...

Águas...


Olha o pingo d'água no fio
Olha! Olha o pingo.
O pingo que escorre do teto.
Olha o pingo! Olha o pingo d'água!
A chuva cai. E estou triste.
Olha! Olha o pingo!
Pingo d'água que mina da face,
Olha o pingo!
O pranto vai. Olha!
Olha o pingo d'água...




... e entretanto,
não enxergas nada!

sexta-feira, 26 de março de 2010

Diferenças!

Soneto de Fidelidade
(Vinícius de Moraes)
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Soneto da Separação
(Vinícius de Moraes)
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o presentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.

[Que coisa! Como pode dois assuntos serem tão opostos e mesmo assim um ser consequência do outro?]

Gotaria que Camões, Bocage e Vinicius sentassem na mesma mesa e num trio fantástico e no uso da pena reescrevessem o meu Destino...

Mangas

Ontem à tarde, comi uma manga doce após o almoço. Que delícia! Lembre-me então, de quando era pequeno;e o quão eram importantes essas pequenas coisas. A manga, o iogurte, o suco, o desenho na TV Cultura. Quando terminei a fatia suculenta da manga docíssima senti minha face lambuzada com seu sumo, nas mãos gotejavam pingos amarelo-ouro e tão condensados que lembravam a geléia real da Abelha Rainha. Neste instante, fui então, invadido por uma alegria, ou melhor, uma Felicidade radiante que é como se o sol tivesse amanhecido dentro de mim. E mais nada importou. Tenho problemas sim, todos têm! Mas ontem os esqueci. Pode parecer patético eu sei, mas como uma simples manga (que não é mais tão simples assim) pode me trazer algo que já procurava há tanto tempo? Chovia muito. Geralmente fico triste em dias de chuva, mas não; eu sentia como se a chuva fosse o suor do calor intenso que tinha por dentro desta matéria infame. Percebi ontem também o quanto sou querido pelas pessoas à minha volta, o quanto sou importante por essas pessoas. As pequenas coisas, ah se não fossem elas! Ouvi ontem de mim mesmo para mim ‘’tudo vem e vai, mas as mangas, essas sim serão eternas’’. Pra quem entende as figuras de linguagem está claro o campo semântico não? Hehehe...

E por isso, a cada dia mais, as mangas é que são a tal da Felicidade, é o dizem por ai nas docas de minh’alma...

quinta-feira, 25 de março de 2010

VERSOS D'UM ALUNO




a Siomara Pacheco



Vejo uma mestra que descansa

E nos seus olhos castanhos

Perdura a força de mil rebanhos

E em seu sorriso mora um sonho de criança.



Educa, ensina das Letras a Saussure

"A Gramática é uma sombra amiga!"

E de giz maquiada, uma tradição antiga,

É assim que gradua a todos. Ela a instruir!



Existem muitos mestres na Universidade,

Alunos, Doutores, et coetera. A mente os ampara

em um lugar ímpar com tamanha singularidade!



É claro que a tudo a gente comprara,

Mas existe a tal da afinidade

E por isso, vem-me à mente um único nome: Siomara!

segunda-feira, 22 de março de 2010

NO SEMINÁRIO

Aperto mais ponto de meu cilício
Com a vã tentativa da pureza alcançar.
Corre a fita grossa e rubra do sacrifício.
É o meu sangue. e tento o Criador alcançar.
E neste altar é que estão vivas todas as minhas
Súplicas de homem!

Na dor me concentro
Com minha carne dilacerada pelo aço
Vejo que o que faço não é o bastante
Para que eu sinta as Asas da Salvação
Ruflarem sobre minha carne infame...


Açoitando-me com o cinturão
De São Francisco, na bruta e áspera
Intenção de suplantar o vício
Vejo-me caindo no precipício
Das tentações profanas do mundo!

Em dores, desmaio, e em minha
Inconsciência sonho com
A derrota dos pecados meus
E quando me rendo ao meu desvario:
Desperto!

Fito meu claustro, cruzes e monstros
Observam-me com gastura
As cortinas antes amarelas
Agora, com meu sangue, já vermelhas
E feitas de barro, as telhas
Caem aos montes no chão.

Um estremecimento arrebatador
Domina-me o corpo por inteiro,
E o mundo estremece no seu fim derradeiro!
E esse mundo em sua forma de elipse
Recebe agora um novo Apocalipse,
As minhas tentações!

Esta é minha cruz, o meu suplício!
Deste mau não sei como me livrar,
E com a vã tentativa de a pureza alcançar,
Aperto mais ponto de meu cilício...

Ai!

BILHETE
Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,enfim,tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...

Mário Quintana

É, o Mário lê a minha alma mesmo... A eternidade parece um segundo e o segundo me parecem mil anos...

Monólogo Abandonadamente Só

Hoje acordei incorporando Augusto dos Anjos!
Num súbito momento, meu corpo estremeceu e num vento repentino de desgraça, estava eu tomando um café pingado e morno perguntando-me: qual é o sentido da vida?

Se tudo eu pudesse contar! Quem dera pudesse de minha imaginação sair um dos meus outros eus. Ah! Isso sim, me faria bem... Penso. Tenho amigos SIM aos montes. Verdadeiros? Alguns! Mas, mesmo assim, eles têm boca, falariam e quebrariam todo o meu clima de flagelo destruidor. E isso eu não quero! E será que me entenderiam? Melhor não descobrir!

Queria mesmo, depois de adulto, poder choramingar no colo de alguém que em silêncio discorda de mim, pois conhece um mundo que eu nem sequer desconfio da existência. Mas eu cresci. E hoje meus carrinhos andam pelas ruas atropelando aquela velhinha que distraída atravessa a rua. Meu Batman usa a sua máscara para assaltar o moço que feliz leva seu primeiro salário sacado para casa. O meu pião cava covas para enterrar todos aqueles meus sonhos de criança que eu nem sequer me lembro. A pipa levada, que outrora dançava no vento, corta a primavera com cerol estéril em sua linha. A menininha que sentava na primeira carteira da sala de aula, aquela que era uma gracinha, hoje vende o corpo para viver. O Tavinho, que era meu melhor amigo, veste salto alto, usa saia justa e desconfio que nem Tavinho se chama mais.

O que houve? Só passaram vinte e dois anos! E qual é o porquê de tudo isso? A verdade é nem tudo tem um por que, a verdade é simplesmente que as coisas mudam, eu mudei! Mudei? Sim, mudei. Eu acreditava nos outros, eu confiava na palavra e hoje enquanto o mundo me corta a fala eu vivo no aspecto sepulcral desta sala e com a impassibilidade da mobília (aos que conhecem, sabem bem de onde tirei este trecho. Eu disse quem está incorporado em mim).

Ser sozinho. Como é, enfim, ser assim? Há alguns que mesmo rodeados de muitos ainda se sentem só e há outros que, mesmos só, têm a melhor companhia. Então posso concluir que ser sozinho, não é um mero estado físico e sim espiritual. Á! Sim, então não sou sozinho mesmo! Esses demônios a me atormentar também contam como companhia! Então vamos parar de graça e falar logo a verdade. Não sou sozinho de um aspecto e nem de outro. Tem muita gente ao meu lado, que torcem por mim e tal, porém me sinto só, tão só quanto nunca imaginara que sentiria. Não estou falando isso porque estou carente nem algo no gênero. Tenho uma vida sexual razoável (caso queiram saber), converso bem com as pessoas e etc. e tal. É uma questão de sentir, ou, quem sabe, ser sozinho mesmo sabe? Enfim, ok. Wherever...

Tapa sem luva...

"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
(...)
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
(...)
(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)
(...)"
Álvaro de Campos (Fernado Pessoa)

É, até quando será assim? Uma grande amiga, me apresentou esta pérola. Sabia de sua existência mas, nunca havia parado meus olhos em tais versos com atenção... E hoje que o fiz, estarrecido! Quanta inquietação em palavras... Como pode alguém me descrever em uma época que nem sequer estava vivo?
A vida é mesmo uma palhaça-sem-graça, e odeio palhaços!!!
Por que a cada dia que penso em Deus, na vida e rezo pra que tudo melhore algo acontece como se dissesse ''você está enganado''? E cada vez que amo e me dedico, tudo faz como se o amor não existisse. Por quê? Não deixo de crer mesmo assim, sou turrão! Se naõ existe amor no mundo e nem em ninguém, sou mesmo um extraterrestre, pois amo e não deixarei de senti-lo...
Hoje acordei um pouco como Manuel Bandeira, e por falar nisso, onde está meu porquinho da Índia?

sábado, 20 de março de 2010

Milagres e Joaninhas...

Não são apenas as joaninhas que nos agraciam nos jardins da vida. Em um jardim há muito mais do que esses insetinhos maravilhosos. A grama verde e fresca é que nos traz o aconchego ao deitar; e se não houvesse as flores também não teria graça. Agente sempre espera um milagre e o imagina como um clarão no meio da noite a iluminar toda a estrada, entretanto nos esquecemos que um clarão não dura por muito tempo. O verdadeiro milagre é o Amanhecer, que pouco a pouco ilumina a madrugada. E quando menos esperamos já é dia!

“Tudo que nossos olhos tocarem, por direito, nos pertence.”

E sabe o por quê? Porque tudo aquilo que nos agrada, tudo que olhamos e achamos belo, já existia dentro de nós, apenas nos ajudaram a vestir o que dentro de nós vivia nu.

A TEMPESTADE

Ao morador do outro lado do rio.

Trovões, chuva e vento...

Eis-me aqui, nesta tempestade maldita

Onde minha lágrima infinita

Corre, em rios, a face e não pára; faz tempo!


A mente cria ilusões doridas,

Lembranças de um longínquo momento

Que me faz querer voltar no tempo

Para suturar as cruéis feridas!


E as portas do passado negam-me a entrada.

No epicentro das lembranças queridas,

Vago inalando a poeira da vasta estrada!


Neste caminho, não tendo mais o que desejar,

Desvendando a força em mim cravada,

Vejo, na calmaria, o quanto a tempestade me fez andar!

MARROM ESCARLATE

a Luiz Santiago.

Numa noite fria de nevoeiro

Um anjo ansioso desce

Da Lua cinza de outono.

Em sua queda, suas asas batiam desordenadas

Assim como seu coração apressado.

Quando bruscamente chega ao chão

Sente na pele as folhas secas que, outrora

Verdejantes, enfeitavam a flora.

Observa, retrai, fraqueja e observa novamente.

Um vazio o domina por inteiro neste momento,

Tenta chorar e nem sequer as lágrimas

O acompanha. Procura Deus, e a cada busca

Uma derrota. Deus não estava lá!

Estarrecido pelo abandono de seu Mestre,

Inundado por um vazio colossal

As estalactites do medo pingavam gota a gota

Um líquido marrom escarlate sobre sua esperança esmeralda.

Silenciou-se. E num momento introspectivo de pensamentos,

Em seu existencialismo supremo,

Decidiu, assim mesmo de repente,

Deixar de ser anjo, assumir uma forma menos divina,

Entretanto, mais viva!

Primeiro, arrancou-se as asas friamente

Cruzando os braços, cada mão segurando uma asa

E as puxou num momento de Ira do mais alto calão.

Coisa que nunca sentira na vida. Já não podia mais voar.

Depois foi a vez dos olhos. (um olho de anjo pode ver

Muito mais além, precisava perder esse dom também!)

Então, usando seus dedos macios, cegou-se arrancando

A luz divina dos olhos, não via mais o belo...

E, por fim, com um grito ecoante, vazou de sua alma

As qualidades: Compaixão, Caridade, Ternura e Humildade,

Todas juntas de mãos dadas ascenderam novamente à Lua Cinza.

Andou por longas noites floresta adentro,

E em seu semblante pareciam-lhe cravados mil anos.

O ar cada vez mais úmido e sujo inflava-lhe os pulmões

Com Carbono e Hidrogênio, lacrimejava e tossia e em sua

Tosse exalava o fogo fátuo dos pântanos.

Seus pés, agora rachados, afundavam na lama fria e suas unhas, que

Incrivelmente já estavam enormes, cavavam covas enquanto andava.

Já nem lembrava mais quem era ou quem foi um dia...

Só parou de andar quando, a sua frente, encontrou um rio de águas fétidas

E neste rio, ao olhar seu reflexo nas águas negras, não conseguia reconhecer-se.

E quando, num momento aterrador, percebeu em que criatura tinha se tornado,

Tornara-se humano!

Desesperado, num salto olímpico, afogou-se nas águas podres que nelas refletiam

Seu rosto e agora também a Lua cinza e simplesmente desejou ter asas para voar

Até aquele grande astro que do alto ofuscava-lhe os olhos semi-cegos.

terça-feira, 16 de março de 2010

Presente à Vida

Ofereço-lhe esta negra pérola. Vós que sois uma professora a todos nós: Vida! E daqui pra frente, deixe-me coordenar o que tenho; sozinho. Apenas eu, Deus e o Diabo. E como dizem por ai, três já "é" demais...

Bilhete Postal
Ilustre professor de Carta Aberta: - Almejo
Que uma alimentação a fiambre e a vinho e a queijo
Lhe fortaleça o corpo e assim lhe fortaleça
As mãos, os pés, a perna et coetera e a cabeça.
Continue a comer como um monstro no almoço
Inche como um balão, cresça como um colosso
E vá crescendo, vá crescendo e vá crescendo,
E fique do tamanho extraordinário e horrendo
Do célebre Titão e do Hércules lendário;
O seu ventre se torne um ventre extraordinário,
Cheio do cheiro ruim de fétidos resíduos,
As barrigas então de cinqüenta indivíduos
Não poderão caber na sua ampla barriga;
Não mais lhe pesará a desgraça inimiga,
O seu nome também não será mais Antonio.
Todos hão de chamá-lo o colosso, o demônio,
A maravilha das brilhantes maravilhas.
As hienas carniçais, as leoas e as novilhas,
Diante do seu vigor recuarão, e diante
Do estribado metal de sua voz atroante
Decerto correrão mansas e espavoridas.
Se as minhas orações forem, pois, atendidas,
O senhor há de ser o Teseu do universo.
Seja um gigante, pois; não faça porém, verso
de qualidade alguma e nem também me faça
Artigos tresandando a bolor e a cachaça,
Ricos de incorreções e de erros de gramática,
Tenha vergonha, esconda essa tendência asnática,
Que somente possui o seu cérebro obtuso -
Esconda-a, e nunca mais se exponha a fazer uso
Da pena, e nunca mais desenterre alfarrábios.
Os tolos, em geral, são tidos como sábios,
Que sabem calar-se e reprimir-se sabem,
O senhor é papalvo e os papalvos não cabem
No centro literário e no centro político.
Respeite-me, portanto!

O Poeta Raquítico.

sábado, 13 de março de 2010

Mágoas do Miserável I

Hoje, treze de março no ano de nosso Senhor (não é assim que se diz?) cá estou apavoradamente melancólico, já me desseram que melancolia é uma maneira poética de tristeza mas, isso é apenas teoria. O importante é que assim estou; sinto-me um inútil, um pedaço de pvp reciclado cinco vezes esperando ser deconposto pela natureza e isso leva tempo...
Há tanta gente que me quer bem, assim como também as quero. E por que isso não me basta? Mas que inacreditável inquietação que me acabrunha! Essa sombra bucólica sob meus calcanhares que não me deixa em paz.... Paz... ah a Paz... Define-a, por favor!

Sei, poderia me argumentar inúmeras coisas que tenho de bom, assim como eu posso dizer as que tenho de ruim... Até então tudo bem, mas e ai? Só? É isso que é viver? Esse nosso Deus planejou assim? No famoso ''tocando com a barriga''? E se depende de nós, como se faz quando não tem por onde ir? Esperar a hora certa? E quando é essa hora? Quem estipula isso? Deus? O Diabo? Quem? Quem? ...

Estou numa crise espiritual muito grande, há uma mágoa tenebrosa me açoitando.
Isso me lembra Augusto dos Anjos: " (...) Magoaram-te meu pai? / Que mão sombria, / Indiferente aos mil tormentos teus / De assim magoar-te sem pesar havia?! (...)" É, que mao sombria? A mão de quem amo, dos muitos que amo e confio... Jogaram sal em mim e sinti-me como as lesmas que matei no sal quando criança... Será isso um pagamento?

Seria eu, uma lesma?
Dentro de mim tem chuva e vento... Tomentas que giram e ja faz tempo...
Cheguei a tal ponto de mágoa que as palavras perderam seu poder. Quanto vale uma promessa? Até onde isso pode ser verdade? Entende? Sabe, as vezes paro e penso e de pensar me perco no que não encontro...
A vida pede certos sacrifícios de nossa parte... E desde quando a vida se tornou uma deusa pagã? Preciso mesmo sacrificar o que gosto para ter algo que posso denominar de felicidade?

Pode me chamar de pessimista! Não ligo. Pode me chamar de viado; não me importo! Pode escarrar seu catarro tuberculoso em minha face; Foda-se! A verdade é que estou cansado demais pra me importar com tudo isso... Cansado, cansado... Deveras!

O mundo inteiro pode me repudiar, à vontade! Mas eu, não farei isso. E é isso que me importa!
Egoísta? Ególatra? Egocentrista? Ego Ego Ego, do latim: Eu.

Eu? È, eu... Escute(leia): EU naõ sou assim. Sim me importo com você, sim você pode me magoar, sim está nas suas mãos muitas vezes essa tal felicidade que me pertence....

O meu maior erro é achar que posso estar certo...