quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

DORSAL

Um arrepio me vem à nuca.
Uma gélida impressão que
Em minha espinha dorsal
Navega como um negreiro
A levar seus escravos;
Sinto na mente oca
As alfinetadas da consciência
Assiduamente sobre minha pele
Nessa macabra acupuntura
De dor e sofrimento
Sinto uma grande indecisão
Na semântica de minha vida
Valeu à pena?
Quantas vezes terei que cair
Para ver que nasci unicamente para
Sofrer, para encontrar na dor
A face da verdadeira morte
Da vontade de morrer
Até que um dia, sem mais
Eu perca a vontade de acordar,
Coisa que já acontecera,
Escuto no fim do corredor
Uma gota a pingar...
Esse barulhinho
Ensurdecedor, ecoa em minha
Mente como um gigantesco sino
Da mais colossal catedral.
Dum... Dum... Dum...
Marteladas, marretadas, machadadas
Ah...
Deus?És tu?
Não! Sei que não és!
Então quem será que bate essa hora
Em minha mente?
O Diabo? Um anjo? Tão pouco...
Mais uma vez a culpa vem
Me visitar...
Entre! Maldita dama!
Afinal a casa já é sua!
Sente-se! Um café?
Claro que não!
Tu só bebes o sangue de minhas veias,
Alimenta-se de mim não é?
Desfrute!
Vamos! O que esperas?
Estou aqui! Sozinho!
Mais uma vez!
Queres o que de mim?
Minha vida? Já levaste!
Meu sangue? Já desfrutaste
Então? Não vais me matar?
Deixe estar, mulher!
Se não queres (ou podes) me matar
Deixe que eu mesmo faça isso!

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