quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

QUATRO ESTAÇÕES

Primavera!
Ah! Hedionda estação!
Odor fétido da Botânica viva.
A Alegria do coito irracional.
Oh! O asco domina-me por inteiro
Afasta-se de mim Menina Florida
Leve daqui seu perfume derradeiro!

É Verão...
O anêmico astro irradia seu calor
Queima-me a derme, ofusca-me a visão
Mas nem mesmo Tu aqueces minha singular alma
E muito menos liquefaz meu ártico-coração
Não tens influência sobre mim, astro nefasto!
Eu te repudio, Oh! Penumbroso Verão!

Hum... Outono
Morte do que é vivo!
A Natureza crava em si a gélida Eutanásia
As criaturas dormem, as árvores morrem e a noite cala
Todos agonizam na invérnica expectativa
Odeio-te Outono! Tu só me paralisas!
És nada pra mim, porém sofro em ti sem alternativa!

Incestuoso Inverno
Vós molestastes seus irmãos!
Seus ventos entoam cânticos desgraçosos
Dentre as árvores ocas!
Mataste friamente tua Mãe, a Natureza.
Sem dó, come nas hebdómadas a tua própria geração
Proporciona a Angústia e alimenta-se na Incerteza!

O ciclo termina e se refaz...
Enquanto a Dor o segue logo atrás...

É! Caro poeta,
Agora vês!? Você não pertence à Era alguma
Tudo te desagrega, tudo te desfaz
Não és deste mundo e nem deste tempo.
O que fazes aqui? Afinal por que fizestes estes versos?
- Aqui? Eu sofro! E os fiz porque sou um mártir-poeta!
- Tenho lágrimas nas veias e olhos em sangue imersos!

Logo, friamente concluo:

Filho da Angústia e do Desamor,
Eu tropeço em meu paralítico ser,
Tenho em mim a essência da Dor
Sou vazio, profundo, um nada prestes a morrer!

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