domingo, 9 de maio de 2010

Rosas e Mortes

"- O amor tem vozes misteriosas
No coração implume...
- Como são cheirosas as primeiras rosas,
E os primeiros beijos como têm perfume!

- O amor tem prantos de abandono
No coração que morre...
- As folhas tombam quando vem o outono,
E ninguém as socorre!

- O amor tem noites, noites inteiras,
De agonias e de letargos...
- Que tristeza têm as rosas derradeiras,
E os últimos beijos como são amargos!"

Alphonsus de Guimaraens


O doce e o amargo. O amor e o ódio. Tudo que é oposto, que é extremo faz parte de um mesmo ser. A casca da manga doce é amarga, quem ama está sujeito também a odiar. Os beijos mais doces de amor podem, um dia, se transfomarem, assim mesmo de repente, em palavras duras de ódio.
No entretanto não quero dizer que sou contra ou a favor de algo. Digo unicamente para constatação e apenas isso; bem sabemos que é assim mesmo, sempre foi e há de ser sempre assim.
Considero, de certa forma, bom, aproveitável e saboroso. O bom degustador tem que saborear todos os gostos sem preconceitos. E assim toca-se a vida, saboreando os gostos que ela nos trás e os que procuramos também, é isso.
"(...)
Olhos, olhares evocadores
De espectros mudos de altivo porte...
Fechai a campa dos meus amores,
Oficiantes da minha morte!"
Fragmento derradeiro de Olhos - Alphonsus de Guimaraens

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