sexta-feira, 21 de maio de 2010

MAIS UMA NOITE

as madrugadas que não dormem
Vento!
O uivar das forças de Zéfiro
Trazia as mágoas
Em meu peito inerne.
Estremece a casa, os olhos tremem...
Quanto medo! Quanto frio! Ai! Quanto!
Deus é morto. Metros e mais metros
De mortalha desenterada tampam as janelas
Como cortinas móbidas que
Balançavam loucas no trotar da tempestade!

Chuva!
Batia como alavanca o coração aflito
O sangue corria rápido, deixando
O rosto rubro, tenso, quimérico, explosivo!
Ecoava um grito de agonia
Nas criptas obscuras da garganta
Da criatura melancólica
Em que me apresento...

Noite!
Ai dos meus ais! Como sofrem!
O medo goteja quente em minha espinha;
A morte entoa um cântido que fede a peixe
E anda nos corredores da casa iluminando
Num feixe de dor as minhas amarguras...
Ai de mim! E este Deus que só dorme!
E este Deus que é morto!

Aurora!
O pior da mágoa, da culpa é
Que mesmo sendo fortes e destruidoras
elas não matam! Malditas!
Sobrevivi a mais uma noite.
Ai de mim, e essa dor que não finda!
E este Deus que não acorda,
Este Deus que é morto!
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