sábado, 17 de julho de 2010

Ensaio para Vida Real

Costumamos sempre crer que a família é o centro de tudo. Depois são nossos amigos, passa-se o tempo o (a) namoradinho (inha), o amorzinho torna-se o centro de toda vida... Todo esse amor é odioso! Viver nesse mundinho de ilusões amorosas, de idealizações de algo que fantasiamos é como matar a sede com a água do seu vaso sanitário.

E eu a cada instante mais lúcido, mais acordado, percebi que tudo que passei até agora foi como um ensaio pra vida real. Como um manual de instruções que foi me dado antes da viver.

Tudo antes me parecia sem sentido algum. Recentemente, qualquer coisa que eu olho me dá adeus. Tudo e todos, parecem-me, no fundo, dizer adeus. Foi terrível perceber; pensei no começo que as pessoas tinham mudado comigo, todas elas, mas, não! Eu mudei, aliás: estou mudando. Ando e observo. O mundo passa diante dos meus olhos acenando com as mãos, como se despedisse de mim...

Estou derrotado, com a honra masculina maculada e amargo. Lúcido e amargo. Sólido e totalmente amarelo. Sinto-me, muitas vezes, como um altar sacrilegiado pelo infiel que rasga a batina no desespero do último momento.

Não tenho medo da morte. O que mais temo é o tempo que vai passar até eu chegar até ela. Como serão esses anos? Longos como estão são esses que passo hoje? Curtos para que eu não consiga construir nada?Afinal de que me adianta tanto sofrimento? A justiça é cega, bem sabemos. Mas onde está sua audição enquanto clamo nas madrugadas?

Três e trinta e sete da manhã, já é domingo e mais um dia se passa...

Um comentário:

  1. ...e o que será o centro de tudo? Certo é que sempre temos necessidade de colocar algo aí para orbitar em torno de... é o nosso microcosmos. Mas como você disse, a vida real é simplesmente real. Tudo o que a gente constrói a partir de nossas sensações, cedo ou tarde, tem de se confrontar com esta discreta tirana: a verdade.

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