sábado, 17 de julho de 2010

Casulo duma Metamorfose

Metamosfose. Exatamente isso! Estou passando por uma entorpecente metamosfose. Estou preso a um casulo tecido por vontades, gente, muita gente e experiências. A cada segundo, e por todos os lugares que passo, todas as pessoas que conheço tecem um pouco mais este casulo que aos poucos me transforma. Estou sólido, rígido como as armas forjadas no Olimpo. E mais além de tudo isso, no cerne, no âmago, estou petrificado. Presenciei tantas agruras! Tudo que vi e revi (tudo soa tão previsível!) me petrificou, vi o horror da face da Medusa no mundo e agora estou sólido, branco, crepuscular e estático. No entanto estou , de certa forma, paciente. Esperarei essa metamorfose se completar. E quando o casulo se romper, meu caros, sinto-lhes dizer que partirei. Nasci para partir, vivo por ir embora. Respiro o vento que, um dia, há de me levar para bem longe. E que o sabor agri-doce da saudade pare na perpétua grade dum verso de Virgílio: “Libertas quae sera tamen”.

Um comentário:

  1. ...é que o longe sempre é perto de algo... e a proximidade nunca é suficiente para completude...
    Assim, a sensação de metamorfose e inadequação pode ser inerente à condição de quem sente a si mesmo. Como nós.

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