segunda-feira, 22 de março de 2010

NO SEMINÁRIO

Aperto mais ponto de meu cilício
Com a vã tentativa da pureza alcançar.
Corre a fita grossa e rubra do sacrifício.
É o meu sangue. e tento o Criador alcançar.
E neste altar é que estão vivas todas as minhas
Súplicas de homem!

Na dor me concentro
Com minha carne dilacerada pelo aço
Vejo que o que faço não é o bastante
Para que eu sinta as Asas da Salvação
Ruflarem sobre minha carne infame...


Açoitando-me com o cinturão
De São Francisco, na bruta e áspera
Intenção de suplantar o vício
Vejo-me caindo no precipício
Das tentações profanas do mundo!

Em dores, desmaio, e em minha
Inconsciência sonho com
A derrota dos pecados meus
E quando me rendo ao meu desvario:
Desperto!

Fito meu claustro, cruzes e monstros
Observam-me com gastura
As cortinas antes amarelas
Agora, com meu sangue, já vermelhas
E feitas de barro, as telhas
Caem aos montes no chão.

Um estremecimento arrebatador
Domina-me o corpo por inteiro,
E o mundo estremece no seu fim derradeiro!
E esse mundo em sua forma de elipse
Recebe agora um novo Apocalipse,
As minhas tentações!

Esta é minha cruz, o meu suplício!
Deste mau não sei como me livrar,
E com a vã tentativa de a pureza alcançar,
Aperto mais ponto de meu cilício...

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