quarta-feira, 28 de abril de 2010

A Ceifa

"(...)
O ceifeiro rebelde pende mais a cabeça para a seara, como se as torturas e as esperanças lhe pesassem.
(...)
O ar fica a repetir aquela chicotada no silêncio opressivo.
Nem um pássaro anda no ar. Não conseguem singrar agora naquele céu de metais em fusão.
Os pássaros não voam. Mas os ceifeiros trabalham.
A ceifa não pára - a ceifa não pára nunca.
(...)
A lâmina das foices vai cega de todo. Os punhos não lhe podem dar luz, pois o vigor já morreu de há muito. Só o impulso dos braços tombas as espigas.
A ceifa corre lenta. Dolorosa e lenta.
E os capatazes bramam.
(...)"
Trecho de Gaibéus, romance de Alves Redol

Creio que não preciso dizer muito, o silêncio as vezes é a melhor resposta ou, quem sabe, a melhor coisa a se fazer neste momento.
E temo de o silêncio não bastar...
Enfim!



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