terça-feira, 14 de maio de 2013
Pessegal
sexta-feira, 23 de novembro de 2012
Goma de Mascar
Era um dia como outro qualquer. Com os olhos exaustos de um dia inteiro, sentei no banco do ônibus como quem repousa numa rede em pleno início de férias. Era segunda-feira. Fechei as pálpebras na ânsia de ter o maior prazer dos que madrugam para a labuta, dormir no transporte público. Não alcancei sequer o cochilo, escutava um som distante mas irritante vindo de algum maldito fone de ouvido. Parecia rock ‘n’ roll barato. Estiquei um pouco o corpo para frente seguindo aquela música indefinida e estridente. Uma cabeleira loira, um pouco arruivada é bem verdade, mas os fios doirados eram maioria. Agora não sei se eram dourados ou os meus olhos cansados que os pintaram assim, mas como gosto das imagens que crio, deixo-os tingidos aos sabor dos meus desejos.
Cabelos curtos. Cortados aleatoriamente, não chegando a ser desgrenhados. Ele era um belo rapaz, pude perceber em uma pequena virada para o lado da janela. Um perfil simétrico. Notei o maxilar aquadradado, marcando bem o semblante de homem, porém a pele alva e sem pelo, deixou um ar angelical que me fez ajeitar a rola umas quatro vezes para o lado; ela teimava em querer sair pelo cós da calça jeans.
Desde então não parei de observar esse cara. Sentei um pouco mais para o lado, o que me deu um ponto de visão estratégica. Eu tinha a fresta do banco, um cânion para meus olhos de gavião.
Virou mais uma vez o rosto, olhava a rua através do vidro ensebado do ônibus, via um mundo de sebo. Ele mascava chiclete. O maxilar quadrado se mexia sob a pele branca como uma alavanca que abre os portões de um forte medieval. O queixo fazia movimentos hipnotizantes e circulares lembrando muito uma minibunda que rebola em algum ritual de iniciação sexual da Antiga Grécia a algum deus do vinho; o barulho estalado que vinha do interno da sua boca era paralizador. Esse tom bucólico entoava cânticos de lascícia. Era o som de um encantador de serpentes. A minha estava encantada.
Mascava. Mascava. Ruminava uma pasta densa que esvaia açúcares pela língua, dentes e garganta. Seus lábios, pequenos e pintados em dregradé do rosa ao vermelho, lentamente se abriram em movimentos de rodamoinho, a língua empurrava a goma para fora e seus dentes a seguravam pelas extremidades. O chiclete, inflado pelo fôlego juvenil do garoto, ganhou forma elíptica, redonda e grande. Uma bola rosa que estava ligada àquela boquinha que mais parecia um cu por filamentos tuti-fruti exalanndo um perfume doce enjoativo que me fez soltar pelo menos duas colheres de sopa de baba no pau. A bola explodiu fazendo a goma grudar em parte de seu rosto.
O processo de desunção do chiclete foi rápido, mas exigiu da língua um esforço grande de contorção. Ela se mostrou inteira para mim. Suas reviravoltas revelaram uma habilidade de lambida que me fez por várias vezes soltar mínimos gemidos de satisfação. Em poucos segundos, o ritual de mastigação retornou e a hipnoze deu continuidade ao meu tesão.
Não consegui contar quantas vezes esse ato se repetiu, menos ainda quantas bolas saíram em vários tamanhos e densidades do rosa.
Ele sabia que eu o observava. E gostava disso. Não sei dizer se eu gostava, sei que não conseguia olhar para mais nada, sequer sabia onde estava e seu meu ponto já havia passado. Eu não sabia mais de nada da vida.
Perscrutar aquela cena se tornou para mim ato de tragédia grega. Ao passo que meu pau latejava na viagem da dança que aqueles lábios faziam, minha mente me envenenava com um sabor amargo na boca. Eu o desejava mais do que estar em casa. Queria que sua língua fosse o meu lar, o lar doce lar de minha rola grossa. Doia-me, quem sabe?, o fato de ser eu um homem e ele um garoto ainda sem gênero definido, quiçá virgem, puro sem as maldades que uma gozada trás.
A quem estava me enganando. O puto estava fazendo uma dança de acasalamento, mostrando todas as habilidades que sua boca nauseante pode fazer e eu, idiota que sou, pensando em inocência de sua pureza. Às favas! Eu queria fudê-lo. Sem me preocupar com seu nome e/ou história. Queria criar um estória, na qual ele é o meu buraquinho...
Pausa.
Num ato de profanação, ele quebra meu transe levantando sua mão. Estranha. Órgão com cinco tentáculos, unhas comidas de ansiedade e ligeiramente sujas. Abre a janela embaçada e o vento traz um mal estar, aliás, um não-estar, deixando meu pau, já quase gozado, frapé, mole, escondido, caramujado, quase nulo. Ele espreme os lábios quase secos como um canhão e como quem atira contra crianças atira o chiclete para fora do ônibus.
A goma rosa cai no asfalto cinza, que a deixa rançosa e esbranquiçada. Não sentia mais o aroma doce e as bola não existiam mais. A potência desta cena me causou um desespero, como se minha vida não tivesse continuidade.Que eu parasse ali.
Ele deu o sinal, desceu antes mesmo que visse nada mais do que uma sombra rasgante.
Eu estava perto de casa, desci, ainda em meia à danação dos meus pensamentos. Quando cheguei, entrei no banheiro e bati uma punheta rápida. Gosmei uma goma como ranho branco. Acinzentada. Caiu no chão como o chiclete que ainda assombrava minha lembrança. Deixei lá para secar, como uma mancha no espírito, um cisco no universo humano para o marco da minha luxúria. Esse era o meu chiclete, que em pensamento o garoto há de sempre mascar sem poder cuspir.
Ele mascava chiclete. Eu sempre odiei chicletes.
terça-feira, 30 de outubro de 2012
Todo Sangue Tem Culpa
sexta-feira, 13 de maio de 2011
O filho de Sodoma
Descobri a masturbação aos nove anos. Eu estava brincando com meu hamister de estimação, ele entrou na minha bermuda e eu tive uma sensação estranha; talvez uma certa coceira seguida de um formigamento quente que descia do meu abdômen até o órgão que a partir daquele momento não servia mais apenas para fazer xixi. Eu segurei meu pênis bem forte e o pressionei para baixo, institivamente repeti esse processo por umas quinze ou vinte vezes. Foi quando, eu senti. Era um tremor, um terremoto de pelo menos 17 pontos na escala Richter. Eu me senti morto por três segundos; não conseguia me mover e senti a vida voltando às minhas veias, o sangue pulsando rubro por todo o meu corpo e então, lá estava ela: uma gota grossa de um líquido alvo, uma única gota de um oceano de sensações e delícias, desde então me considerara homem.
Depois que descobri aquela sensação que apenas mais tarde fui descobrir que se chama orgasmo, comecei a acordar com meu pinto extremamente duro. Tenho certeza que ele acordava duas horas antes de mim. E então, minha rotina era unicamente trabalhada para ter a maior quantidade de orgasmos pelo dia. Ao acordar, no banho pela manhã, no intervalo da escola enquanto meus amigos lanchavam, assim que chegava em casa, depois do almoço, de tarde no comercial do desenho da TV Cultura, no banho de tarde e por fim, antes de dormir. Assim passaram-se vários meses e anos. Talvez os melhores da minha vida.
Eu sempre fui muito criativo nas minhas punhetas (a partir de agora meu vocabulário estará em baixíssimo nível, por motivos óbvios, não tem como ter educação britânica ao falar de sexo). Sou um empreendedor no sexo, gosto de inovar, de descobrir novas formas de prazer. E isso sempre esteve comigo, dos nove aos dezesseis anos eu transei com um mamão papaia, uma melancia, com as almofadas da sala, com o ladrilho do banheiro, com meu cachorro Bobby, meu fiel lambedor de saco (era a parte mais incrível da minha adolescência e fácil de fazer, bastava passar um pouco de patê no saco e ele começava a lamber, gozei muito assim, e só de lembrar eu sinto um prazer enorme). Tive muitas outras peripécias, mas todas do mesmo teor, quando não era uma fruta, era algum objeto que pudesse criar um prazer parecido ou meu queridinho e fiel cão.
Quando completei dezessete ganhei um presente especial de uma vizinha, Valéria. Amicíssima de minha mãe, ela tinha 42 anos se bem me lembro. Foi uma coisa rápida, e confesso que não gostei muito. Meu pau não é dos maiores que existem, mas estou acima da média brasileira. Sei que o problema não era meu pau e sim a situação. O prazer não pode ser assim, sem estímulos psicológicos. A gente precisa processar a informação sexual na mente, assim tudo fica mais intenso. Uma xana aberta na frente de um cara de 17 anos com uma adolescência regada de sexo macarrônico não era nada demais. Fui com a sede de um gladiador, mas ela gemia estranhamente, dizia coisas que eu não queria ouvir como “se torne homem comigo meu bebê”, eu já era homem há muito tempo e sim ela que não era uma mulher para mim...
Depois que experimentei o sexo com pessoas, fiquei um pouco decepcionado com o ato, percebi então que o problema era eu e meus pensamentos junto à companhia. Procurei sexo, e claro, encontrei. Passei anos inteiros dedicando minha vida à toda lascívia que emergia de meu pau. Não transei com apenas mulheres, homens, crianças, outros animais além do Bobby. Sou assumidamente heterossexual, mas só o sei, pois, fodi tudo o que pensei que fosse fodível e fiz uma bela lapidação em meus gostos. Não tenho problemas com isso, sou um perfeito homem pós-moderno que brande a bandeira da Liberdade e claro, como qualquer pessoa que participa desta filosofia, sofre por não ser preso o suficiente para ser feliz.
Quero deixar claro que fiz muitas coisas da minha vida. Sou mestrado em Relações Públicas, não poderia ser diferente. Desisti no final do segundo ano do doutorado. Por motivos simples, não quero gastar mais tempo com estudos. Não acho que o mundo possa trazer tantas novidades assim. É fatídico, tudo é igual em proporções diferentes. As pessoas não mudam nunca na sociedade; não importa o seu grau de instrução ou de grana, todos cagam a mesma horrorosa bosta e fede igual se não banhar as pregas. E outra coisa, o caviar e o angu se tornam a mesma merda marrom que a privada come. No fim, tudo é igual.
Eu só realmente conheço uma pessoa quando estou na cama com ela. É lá que tudo se aflora como deve ser. Vi dondocas se assumirem putas, como vi putas todas pudicas em sugar minha porra da minha rola carnuda. Vi homenzarrões se deleitarem em posições propícias para qualquer exame do tipo ressonância que acha até câncer. E antes que este relato pareça uma versão tosca e sexual de uma música do Raul Seixas, já digo que vi muita coisa, porém não vi tudo e nem nasci há muitos anos e tal. Minha intensão é frisar que já vi muitos paradoxos nesta minha vida infame, inclusive eu sou um deles. Mas, isso seja quem for que esteja lendo este relato irá saber mais adiante, não pretendo enrolar muito; só preciso dizer o importante e termino logo com tudo isso.
Tenho uma existência paralelística, como se fossem duas vidas que vivem uma em função da outra. E muitas vezes, não sei quem eu realmente sou. Se sou o Sr. Relações Públicas que coordena um escritório renomado em São Paulo ou se sou aquele animal de pupilas dilatadas e cheirando a suor e sem nojo ou pudor algum de nada. Acho que sou em maior a segunda opção, pois não há um momento que eu não esteja procurando algum buraco que eu possa foder e que me traga algum tipo de prazer...
Neste momento, estou nu, acariciando meu pau e sentado na sala do meu apartamento e olhando para uma réplica do Abaporu que tenho na parede e nunca tinha notado o quão gostoso seria transar com uma mulher de mãos e pés tão grandes, seria inenarrável foder entre aqueles dedões... Sem contar o fato que Tarsila devia ser uma ninfomaníaca, criar uma mulher giganta e olhando para um cactos que pra mim mais parece um imenso pau de três cabeças, só poderia vir de alguém que fodia até com próprio pincel. Quem dera eu tê-la fodido enquanto pintava.
E começo a pensar na vida.
“Eu tinha 28 anos quando conheci um casal, que hoje somos amigos. Eu já tinha fodido ela na faculdade e depois reapareceu casada. Saímos os três por algumas vezes para beber e, numa reuniãozinha na casa deles, me fizeram a proposta do ménage à trois, adorei a ideia, e, claro, topei na hora. Passaram-me uma cartilha de condições. Achei tudo muito regrado e um tanto caxias, mas quando foram dando todas as coordenadas, achei até interessante e fiquei deveras animado, ou melhor, de pau muito mais que duro. Estava rasgando a calça jeans. Era exatamente assim: ele ficaria sentado numa poltrona enquanto me olharia fodendo a mulher dele. Só poderia ser numa única posição, ela de quatro sobre mesa de centro e eu a enrabando por trás. Maravilha, pensei eu.
Tudo estava muito melhor do que eu pesava. Eu possuindo aquela xaxinha com o sabor nostálgico da faculdade e ainda vendo o maridão dela nos observado, um panaca. Como não podia mudar de posição, em pouco tempo, tudo começou a ficar chato e repetitivo. Desconcentrei-me da foda e comecei a observar o que estava a minha volta. Olhei para o panaca e lá estava ele, vidrado na cena que observava com um invejável prazer. Trazia no rosto um sorriso safado e pontiagudo como se tivesse sido riscado a faca.
Aquele sorriso me incomodava muito, tanto que fui obrigado a não olhar para ele. Olhei então a mulher, que nesta altura para mim não parecia mais humana. Não conseguia ver uma mulher à minha frente, era uma mesa em cima de outra. Eu estava fodendo uma mesa de centro feita de madeira. O buraco era duro, de uma rigidez brutal que senti meu pau machucar, mas não parei de meter, pelo contrário fodia mais forte que podia. O problema maior era ele, me olhando e tocando uma punheta que devia estar uma delícia ao julgar pela cara que fazia. Não havia como, eu precisava olhar para ele. Fixei meu olhar soberano sobre o cara, mas tudo tinha um ar tão irônico que conseguia me diminuir por inteiro. Não me lembro de ter gozado naquela noite. Sei que ela gozou muito. E ele? Nossa... Tenho raiva só de lembrar. Teve um orgasmo que eu senti mesmo estando de longe; um gemido tão intenso que me sinto arrepiado até nos cabelos do cu só de lembrar. Voltei pra casa muito estranho. Pesado, denso e quase morto. Sei que passei uma semana socando punheta pensando no orgasmo que aquele cara teve com aquele maldito olho lascivo e irônico de quem sabe muito bem o que está vendo. Apesar de eu possuir aquela mulher, era ele que a tinha. Ela era dele e não minha. A trepa tem dessas, tudo é seu até gozar, depois que você esporra na parede rubra de alguém, tudo termina e mais nada existe em delícia, só o peso de existir que fica. Não tem coisa mais constrangedora do que o pós-sexo, você nunca sabe o que dizer e se dizer...”
Acabo de gozar no Abaporu, “toma isso Tarsila”, disse sorrindo. Levanto um pouco leve e trêmulo pela gozada... Olho a vista do apartamento, a cidade cinza como sempre. E tudo parece uma condenação ao degredo. Daqui, vejo o trem passando. Ah, o trem... Tantas lembranças!
“Era noite. Eu voltava do escritório tarde. Não fui de carro, pois precisava ver pessoas, pegar obus e trem lotados e sentir os corpos cansados e suados encostando uns nos outros para eu me sentir um pouco vivo. Eu segurava a mochila com um dos braços e com o outro tentava me equilibrar no balanço nauseante do trem. Foi quando ele entrou; um jovenzinho que contava os seus quinze aninhos, um anjo. Um rostinho liso sem barba, de olhos verdes, porte médio e branco como a camisa que eu usava. Não parava de me olhar, fica olhando fixo e desviava o olho quando eu o encarava. Encarei sem medo, e como se tivesse usado a mesma faca que o panaca, marido de minha amiga, risquei um sorriso safado e escarlate. Só não foi mais escarlate do que o rosto vergonhoso que ele pintou. Ele desceu duas estações a frente, ainda faltava três para mim, mas desci mesmo assim. Eu queria ter o prazer de foder um anjo e tinha certeza que com ele seria o mais perto disso que eu chegaria. E não demorou muito para eu conseguir fazê-lo. O bom da inocência é que ela é facilmente enganada. Um suco, um sorriso, uma pegadinha no queixo e meia dúzia de palavras que você reproduz de qualquer romancezinho adolescente de vampiros que amam e pronto, você tem alguém de joelhos chupando o seu pau.
E que boca! Não adianta, homem, mesmo sem experiência chupa bem melhor do que qualquer mulher habilidosa. Homem não tem boca, tem boceta com dentes. Todo anjo é engolidor de mundo, comedor de fé e paus. Esse devorou minha neca com habilidade e presunção. Mostrou um serviço digno de aplauso. Engolia-me inteiro. Sentia seus lábios inferiores baterem no meu saco; suas mãozinhas pequenas seguravam as minhas coxas e eu o puxava pelo cabelo. Eu queria me sentir dentro de um outro alguém, dentro de um anjo. Ele rangia um barulho de engasgo e seus olhos lacrimejavam muito. Era a dor de nascer, eu estava nascendo dentro dele, eu estava me tornando um anjo mascarado. Um anjo terrível e monstruoso. Dei uns segundos de ar ao anjo e perguntei se ele estava pronto para carregar dentro dele algo que fosse só meu, um pedaço de mim. Ainda tentando se recompor, respondeu com um aceno de cabeça que sim e me olhou profundamente com os olhos brilhantes e eróticos, mas ainda simples e inocentes. Tive uma raiva enorme ao ver isso, inveja talvez... Meu sangue pulsou forte pelo corpo e senti a ira em forma de vida correr todas as minhas veias até chegar no meu pau; com dois dedos arregalei mais o que pode a boca do anjo e demoradamente fodi da língua à garganta. Fiz mais o que pude. E pouco antes de eu gozar, olhei para baixo e vi nos seus olhos molhados um mundo verde de sensações que eu nunca terei. Era aquele mesmo olhar cheio de vontade e desejo cobertos por um desconhecido medo.
Pus minha mão na nuca dele e pressionei-o contra mim. Ele sacudiu os braços como se fosse afogar, disse para ter calma, e ele parou. Meti ainda mais umas quinze vezes, uma para cada ano de sua vida e gozei... Senti minha porra descer a garganta dele como se ela ainda fizesse parte de mim, como se ela fosse uma extensão do meu pau. Olhei para ele e pensei: agora, você é um pouco eu, e eu sou menos que era antes.”
A lembrança daquele anjo me trouxe um peso considerável, tanto que sou obrigado a beber um pouco e coloquei um som pra distrair os meus pensamentos. Não tenho nada muito refinado hoje aqui em casa, uma Pitú está de ótimo tamanho. Bebia enquanto pensava, pensava e bebia mais... Bebia, lembrava, pensava... Bebia, bebia... Bêbado.
Olhei para o camarão vermelho que nadava no transparente da garrafa e navego na erupção de todos os pensamentos. Nunca fui a favor de drogas e afins, não por ideologias sociais e sim por não achar interessante sair de mim com algo que não venha de mim. A droga mais poderosa é o Prazer; ele te cega, te faz delirar e melhor, faz você não pensar em nada. O problema é que vicia e o barato dura pouco; numa trepa de uma hora você goza mesmo por uns cinco segundos quiçá um pouco mais. O que te faz querer mais, e mais e mais e mais e mais...
Depois de mais outros vários tragos da Pitú e sentindo-me mais alterado do que realmente gostaria de estar, vou à sacada do apartamento e observo a vista. De pronto, tudo era negro e conforme a minha visão ia desembaçando eu conseguia ver diversas coisas... Os que antes eram prédios em minha lembrança pareciam-me agora paus gigantes que saiam da terra na ânsia de foder o céu, os cutuca-céus, pensei eu. Depois disso, tudo ficou mais claro e amplo, eram lápides gigantes e percebi que eu vivia num imenso cemitério de sensações e pensamentos. Mas somos vivos e como somos! E os vivos fodem o tempo inteiro. Já parou pra pensar quantas pessoas devem estar trepando neste exato momento? Vale lembrar que uma pequena porcentagem destas trepas terão como final a reprodução; todos buscamos o prazer da vida, mas nem sempre o ato de gerá-la. O orgasmo é o suborno para a reprodução, Deus quis assim. Mas, aprendemos a enganar Deus e gozar fora ou em outro buraco. Não cito camisinhas, nada que me afaste do contado da pele considero como válido.
Pensar na vida é pensar em sexo. Pensar em sexo dá vontade de fazer. E eis-me de pau duro sem buraco pra foder.
Lembrei dum número guardado na carteira, e corro para o telefone.
“Oi.”
“Quem é?”
“Quero saber quanto?”
“Cento e cinquenta reais, goza duas vezes.”
“Faz tudo?”
“E mais um pouco.”
“Ok, pode vir. Você lembra meu endereço, certo?”
“Claro, você é o estranho do Ipiranga.”
“Pode ser, mas hoje serei o seu dono...”
Desligo.
Ela não demorou muito. Foi uma questão de pouco minutos ela estava amarrada na minha cama parecendo uma estrela do mar.
Não preciso dar muitos detalhes de uma foda, creio que pouca gente não saiba como foder alguém. O problema é que enquanto eu metia nela eu pensava em certas coisas. A gente diz que comeu fulana ou ciclana, por quê? Comer? Eu nunca comi ninguém... E isso me deixou triste. Como seria comer alguém? Mas comer mesmo. E senti um tesão só de pensar em tudo que minha mente produzia... Não passou muito tempo para que eu já estivesse grudado no pescoço dela, mordendo-a com muita vontade. Primeiro foi o sangue quente nadando pelos meus dentes e língua, e depois um pequeno naco de carne mal-rasgada que engoli sem mastigar. Tive nojo no começo, mas logo peguei o jeito.
Os gritos da estrela do mar foram facilmente abafados pela minha cueca e meias na boca dela. E não parei de comer. Eu mordia com força e puxava rebuscadamente a pele dela. O seu corpo tremia por inteiro, senti sua boceta tremer por dentro e o que me estimulou a meter e comer e beber mais o que ela era... O vermelho pintava o lençol azul-desbotado. E o quarto ganhava a cor da Luxúria.
O tesão cega e o prazer é iminente. A gente goza muito mais gostoso quando esquecemos que estamos acompanhados na cama.
Tive um prazer indescritível. Ainda mais em perceber que além de tudo ela estava menstruada. Tirei meu pau repleto de sangue daquele buraco rubro. Minhas duas cabeças ensanguentadas, banhadas em vida.
Fui ao banheiro me limpar e pesadamente caminhei até lá. O lugar inteiramente branco ficou respingado de dores vermelhas.
Abri o chuveiro e a água caia quente sobre meu corpo coberto por todas as excreções e pensamentos que se possa imaginar. Senti-me fraco. Fraco o suficiente para ter que sentar no chão e deixar a água cair sobre meu ombro. Fiquei observando aqueles rios de águas avermelhadas riscarem o meu piso branco e caminharem para o ralo. Tudo é tão efêmero, pensei. E todos os meus pensamentos foram voltandando conforme meu corpo ficava mais limpo. Comecei a lembrar do que tinha sobre minha cama: uma estrela do mar sem vida, comida, fodida, e bebida por mim.
Estava de pau duro de novo só de lembrar de tudo. Resolvi então, socar mais uma punhetinha antes de pensar no que eu faria com toda aquela casca de prazer, uma lambança.
Fiz uma punheta linda, foi uma memorável retrospectiva das minhas melhores fodas, pensei em muita gente, no anjo, na mesa, na estrela do mar, no Bobby... Quanta delícia!
Os solavancos do meu braço eram fortes e incisivos não parei para contar o tempo, mas senti meu corpo enrugar pela água e então, depois de uma boa sessão de pensamentos, gozei. Era uma porra acatarranhada, uma goma grossa e em grande quantidade, como se eu estivesse gozando por uma vida inteira. Era minha vida explodindo de dentro de mim e pintando meu rosto de puro branco.
Joguei a cabeça pra trás de prazer, não medi a força e nem queria medir nada de mim naquele momento. Bati fortemente a cabeça no vidro do box do banheiro. O vidro quebrou e masturbou a minha jugular. Um rio grosso de sangue desaguou pelo mar do ralo. Era um oceano vermelho que pintava o meu prazer por dentro e agora pinta o chão do meu banheiro.
sábado, 18 de dezembro de 2010
Febre
Mas tudo bem, não falemos mais disso não? Ou sim.
Um ano se feacha neste momento. E claro, uma coisa ou outra mudou sim. Mas trocando tudo por miúdos. Nada mudou, chegou até a piorar um cadinho. Sou um Homem melhor, fato (e sim, com ''agá'' maiúsculo). No entanto, Homem mais sofrido também. Não apenas no sentido de que sofreu e logo, aprendeu. Não. No sentido de que sofreu e apenas isso. Sem suporte, sem nada. Sozinho no meio de muitos.
Hoje, a única coisa que realmente me deixa bem é o trabalho. Nem mesmo a graduação que sempre foi o meu xodó me faz tão bem quanto um dia já fez. A família? Bom, como dizer? Eles fazem o que podem (eu imagino). Mas ainda não foi o suficiente, nunca foi. Muitos devem se perguntar se Eu, para tanto reclamar, os trato como família. E eu vos-lhe respondo, caríssimo (a), faço também o que posso. Carregar pesos familiares pela vida, é como uma bola enorme pesando nos seus calcanhares. Assuntos como este são grilhões terríveis.
Dói. A febre queima e a pela arde, como nunca fez.
sábado, 20 de novembro de 2010
Desfolhagem
Cai pesada na consciência paquiderme.
Sente frio,
Sente fome,
E chove?
Mas dentro ou fora?
Terrível; nem sabe quem é.
Disse: "A vida é curta demais pra passar raiva"
E porque isso disse,
O mundo queboru-se por inteiro
E nada mais lhe pesava tanto.
Agora sim, chove.
Gêiser Numa Noite Quente
Não quero seus olhares de caridade!
Tirem daqui as paixões, os amores torpes.
Vazem-me a alma raquítica, subnutrida;
Prefiro a Loucura, a Ebulição,
Pois sou uma explosão apocalíptica,
Um chaga no braço do herói.
Sou seu escudo lascado que
Um ferreiro abandonou num canto da rua.
Escuro, denso e sozinho...